Hoje lembrei-me de uma cassete que passou no meu walkman e no meu rádio/leitor de cassetes amarelo até ficar gasta. As letras impressas no plástico já quase não se liam.
Era do meu pai. Tinha uma espécie de apanhado das pérolas da música dita-clássica (o que quer que isso seja). Uma delas é esta Canon em Ré Maior de Pachelbel, quem perpetuamente confundo com Albinoni, cuja peça Adagio vinha imediatamente antes ou depois de Canon.
O que eu vou dizer agora vai parecer uma grande peta intelectualóide, mas a verdade é que eu gosto muito de música clássica desde muito pequena (ok, mais pequena do que sou hoje). Para além de ter pedido à minha mãe para me inscrever na aula de ballet no colégio (ao contrário do resto das meninas, que eram obrigadas a frequentar essas aulas, mesmo não tendo jeito nem gosto nenhum para a dança) e aí era educada tanto fisicamente como auditivamente ao som de violinos e pianos, o meu pai tinha (e tem) o hábito de ouvir música clássica. Lembro-me muito bem de ensaiar passos das peças de ballet em casa, saltando entre as poltronas e os sofás castanhos da nossa casinha casquinha-de-noz. Uma das personagens que estava a representar em acrobacias na mobília da sala era uma borboleta, mas tive dois momentos áureos na minha curta carreira de prima-ballerina: quando fui a personagem principal num bailado sobre lavadeiras e quando fui escolhida para "a dança dos guarda-sóis", que era do grupo das raparigas mais velhas mas ao qual faltava uma bailarina para completar o quadro. Eu, moi, myselfzinha fui a seleccionada! Uma grande honra aos 9 anos de idade. A banda sonora desse bailado de vestidos de cetim branco e faixas cor-de-rosa era Eine kleine Nachtmusik de Mozart (composição criada aos 7 anos de idade!!).
Could have been a brilliant career.
Depois de ouvirem Canon não se lembraram de nada? É que é uma peça muito habitual em casamentos, a par da conhecida Marcha Nupcial. Se calhar há por aqui casamento... ou coisa parecida ;)
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