27 de fevereiro de 2008

Para a Ritinha

All Is Full Of Love - Bjork

A Ritinha, na sua infinita sabedoria dos seus 6 ou 7 anos de idade, mostrou com palavras simples projectadas do outro lado da rua, o que é a generosidade, a bondade e a compaixão aos defensores da moralidade e da elite.
Fez-me voltar a acreditar que tenho os meus dois Irmãos Lá Em Cima a olharem por nós e que a minha convicção se deve manter e ser defendida com toda a força que conseguir desencantar: se o nosso maior pecado foi ter defendido a Vida, não podemos ser castigados. Não mais do que já fomos.
A Luta continua pela Ritinha.
Provavelmente ela nunca irá ler esta mensagem, nem ninguém que a conheça lha vai dar a ler, mas queria dizer a toda a gente que vale sempre a pena lutar para ter estas recompensas quentinhas.
Pequenos nadas que fazem o sol brilhar cá dentro e que vêm de onde julgamos não poder vir nada. Vêm de quem não pode fazer nada e muda tudo.
Obrigada Ritinha por teres perguntado "E os cães onde estão?"

19 de fevereiro de 2008

Um mundo de doidos

Pertencer - Xutos & Pontapés e Oioai


Para além da música ser excelente, a causa é mais do que pertinente.

Ver quem gostamos passar para o outro lado do espelho sem poder laçar e puxar para cá é frustrante. Não há nada a fazer senão seguir o que os médicos tacteiam às escuras e vendados. Só se pode tentar dar uma melhor qualidade de vida física porque a outra não é para nós, que estamos deste lado e julgamos ver o espelho.

Acreditem que eu sei do que falo.



Ajudem aqui.

16 de fevereiro de 2008

As rimas

Uma letra de uma canção não tem de rimar. Mas há as que o conseguem fazer, e muito bem.

Leaders Of Men - Joy Division

Acordei hoje com ela no ouvido e a ideia na alma. Eu sei que sou uma Leader of Men. Isso eu sei que sou. À minha maneira, consigo conduzir para a batalha, para vitória. Dizem que é isso uma "Louise": na época da revolução francesa, havia as "louise", "Louie" em feminino, que carregavam a bandeira à frente da primeira linha de soldados em guerra, encorajando-os a combater.

Ora reparem lá como a letra desta canção está feita. Genial.

Born from some mother's womb,
Just like any other room.
Made a promise for a new life.
Made a victim out of your life.

When your time's on the door,
And it drips to the floor,
And you feel you can touch,
All the noise is too much,
And the seeds that are sown,
Are no longer your own.

Just a minor operation,
To force a final ultimatum.
Thousand words are spoken loud,
Reach the dumb to fool the crowd.

When you walk down the street,
And the sound's not so sweet,
And you wish you could hide,
Maybe go for a ride,
To some peep show arcade,
Where the future's not made.

A nightmare situation,
Infiltrate imagination,
Smacks of past Holy wars,
By the wall with broken laws.

The leaders of men,
Born out of your frustration.
The leaders of men,
Just a strange infatuation.
The leaders of men,
Made a promise for a new life.
No saviour for our sakes,
To twist the internees of hate,
Self induced manipulation,
To crush all thoughts of mass salvation.


E isto é feito com uma língua básica como é o inglês. Por que é que em Português - língua riquíssima - só há um ou outro que consegue brincar com as palavras e dizer qualquer coisa de jeito.

Olá - Jorge Palma

olá
sempre apanhaste o tal comboio
eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez

conheço a tua cara
mas não sei o teu nome
escrevo já aqui
não sei o quê arroba ponto com
eu vou-te reencontrar
noutro bar de estação
ou talvez quando perder mais um avião
o barco vai de saída
tu estás tão bronzeada
é tão bom ver-te assim
ardendo tão queimada

eu quero reencontrar-te
noutra esquina qualquer
sem saber o teu nome
se ainda és mulher
quero reconhecer-te
e beber um café
dizer-te de onde venho
e perguntar-te porque
sorrir-te cá do fundo
e subir os degraus
eu quero dar-te um beijo
a cinquenta e tal graus (2x)

sempre apanhaste o tal comboio
eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez
cá estamos nós outra vez...

Amo esta música! Fui ver o Sr. Jorge ao Olga Cadaval e fiquei gelada com esta. Arrebatou-me. Arrumou-me a um canto. Deu-me um nó na garganta. É que na minha língua, bate mais depressa.


O Primeiro Dia - Sérgio Godinho

A principio é simples, anda-se sózinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.


Nunca vi o Sr. Sérgio ao vivo (que me lembre). Tenho pena. Diz o que toda a gente percebe num corridinho inteligente e sem uma voz por aí além. Fico sempre a pensar nas coisas que canta-a-falar e acho sempre que é um sábio com mil anos.

10 de fevereiro de 2008

tattva - kula shaker


Na 6ª feira recebi no meu telemóvel (Paz à Sua Alma) uma mensagem de voz que correspondia à reportagem sonora do concerto em Sheperd's Bush, Londres, dos Kula Shaker que a nossa embaixadora Rock Tuff cobriu. Conseguiu-se ouvir Tattva e Govinda. And it sounds like this.


Entre '96 e '98, seguíamos atentas (eu e a embaixadora) o canal de música Viva Zwei. Era em alemão e não percebíamos nada que os apresentadores diziam, mas percebíamos tudo do que se falava: BritPop! Nós éramos "as" britpoppers cá do sítio. As controvérsias Oasis vs Blur, as androginias dos Suede e dos Pulp, a "coolness" dos Ocean Colour Scene ou dos Shed Seven e o psicadelismo dos Kula Shaker. Houve quem tatuasse um K na mão em homenagem a estes senhores. Eu não fui!

7 de fevereiro de 2008

soul meets body - death cab for cutie

Esta é uma banda muito Luisinha. Foi-me apresentada no Soulseek por um rapaz norte-americano que dizia que para saber alguma coisa sobre o mundo tinha de ver a BBC porque nos EUA só se fala dos EUA. Eu saquei-lhe uma quantidade brutal de canções do Elliot Smith (este vai ter direito a vários posts futuros neste blog, não fosse ele um dos meus cantores preferidos) precisamente no dia seguinte à notícia da sua trágica morte. Puro acaso! E então ele contou-me o que se tinha passado (que cá ninguém soube disso antes do Y escrever sobre o assunto) e que se eu gostava tanto de Elliot Smith que muito provavelmente iria gostar dos Death Cab For Cutie. Bingo! Adoro! Especialmente esta Soul Meets Body (que pertence ao disco Plans) e este disco We Have the Facts and We're Voting Yes, que a Rock Tuff me deu!

6 de fevereiro de 2008

playground love - air

I'm a high school lover, and you're my favorite flavor



Uma canção lindíssima para um filme lindíssimo.
Faz-me lembrar o meu último ano da faculdade em que as coisas se passaram sem eu ter dado conta delas. As boas e as más parecem agora muito longínquas e em cassete Super8, especialmente os amigos de conheci e que já lá estavam e os que eu julgava estarem e que desapareceram.

4 de fevereiro de 2008

My moon, my man - Feist

Quando ando de escadas e tapetes rolantes também me dá vontade de fazer isto:



Pah... gosto desta canção!
É gira, é bem disposta, é romântica, é fixe, é uma gaja a cantar, é boa para fazer coro, é boa para dançar, é boa para partilhar convosco :D

3 de fevereiro de 2008

Canon em Ré Maior - Johan Pachelbel

Hoje lembrei-me de uma cassete que passou no meu walkman e no meu rádio/leitor de cassetes amarelo até ficar gasta. As letras impressas no plástico já quase não se liam.

Era do meu pai. Tinha uma espécie de apanhado das pérolas da música dita-clássica (o que quer que isso seja). Uma delas é esta Canon em Ré Maior de Pachelbel, quem perpetuamente confundo com Albinoni, cuja peça Adagio vinha imediatamente antes ou depois de Canon.

O que eu vou dizer agora vai parecer uma grande peta intelectualóide, mas a verdade é que eu gosto muito de música clássica desde muito pequena (ok, mais pequena do que sou hoje). Para além de ter pedido à minha mãe para me inscrever na aula de ballet no colégio (ao contrário do resto das meninas, que eram obrigadas a frequentar essas aulas, mesmo não tendo jeito nem gosto nenhum para a dança) e aí era educada tanto fisicamente como auditivamente ao som de violinos e pianos, o meu pai tinha (e tem) o hábito de ouvir música clássica. Lembro-me muito bem de ensaiar passos das peças de ballet em casa, saltando entre as poltronas e os sofás castanhos da nossa casinha casquinha-de-noz. Uma das personagens que estava a representar em acrobacias na mobília da sala era uma borboleta, mas tive dois momentos áureos na minha curta carreira de prima-ballerina: quando fui a personagem principal num bailado sobre lavadeiras e quando fui escolhida para "a dança dos guarda-sóis", que era do grupo das raparigas mais velhas mas ao qual faltava uma bailarina para completar o quadro. Eu, moi, myselfzinha fui a seleccionada! Uma grande honra aos 9 anos de idade. A banda sonora desse bailado de vestidos de cetim branco e faixas cor-de-rosa era Eine kleine Nachtmusik de Mozart (composição criada aos 7 anos de idade!!).

Could have been a brilliant career.

Depois de ouvirem Canon não se lembraram de nada? É que é uma peça muito habitual em casamentos, a par da conhecida Marcha Nupcial. Se calhar há por aqui casamento... ou coisa parecida ;)